Bonifácio Tchimboto - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Bonifácio Tchimboto
Bonifácio Tchimboto
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Sacerdote católico da diocese de Benguela. Doutorado em Sagradas Letras pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma e pós-doutorando em Estudos Africanos pela Tangaza University College de Nairóbi. Foi diretor-geral do Instituto Superior Jean Piaget de Benguela, cidade onde é também docente de Línguas Bíblicas e Exegese no Seminário Maior do Bom Pastor. Dirige um grupo de pesquisa em línguas e culturas africanas (NELiC). É também fundador e diretor da revista de pesquisa Facta Lux e membro da comissão executiva do Centro Bíblico Católico para a África e Madagáscar (BICAM).

 
Textos publicados pelo autor
Do Desprezo ao Apreço do Nome
Estudo Etnolinguístico da Antroponímia Umbundu
Por Bonifácio Tchimboto, Ana Maria Katemo Ucuahamba

Um livro que faz o diagnóstico do estado, em Angola, da antroponímia com origem no umbundo* e apela à conservação desta língua falada na região de Benguela e noutras áreas. Tal é o propósito da sua publicação, como declaram os autores, Bonifácio Tchimboto e Ana Maria Katemo Ucuahamba, eles próprios portadores de nomes umbundos: «[...] [A]chamos ser nossa missão académica contribuir para um resgate, ou seja, procurar caminhos para salvar e tirar o nome umbundu da prisão de depreciação e devolvê-lo ao espaço linguístico e cultural hoje usurpado por nomes peregrinos» (Do Desprezo ao Apreço do Nome, 2019, pp. 7/8).

Nas 136 páginas do livro, desfila uma série de informações e observações bem condensadas e documentadas que, de maneira incisiva, guiam o leitor no contacto com um património linguístico em erosão acelerada: a antroponímia tradicional dos Ovimbundos, etnia predominante na região benguelense, cuja história cultural entronca no grande caudal de práticas rituais da África pré-colonial. Não sendo a descrição sistemática das estruturas do umbundo uma preocupação dos autores, são mencionados alguns traços característicos desta língua, de modo a permitir avaliar o grau de distorção que o contacto com o português, ao longo de mais de 500 anos, acarretou no reportório onomástico das diferentes regiões de Angola, em particular, em Benguela.

Três são os capítulos por que a obra se reparte. No primeiro, define-se o campo dos estudos dos nomes próprios (onomástica), orientando-se a exposição para as características mais marcantes do sistema de atribuição de antropónimos nas culturas das línguas bantas. Neste contexto, salienta-se o nome sando (pp. 32-38), uma instituição o...

Ética e Pedagogia na Literatura Oral Africana
Estudo Etnolinguístico do Umbundu
Por Bonifácio Tchimboto, Eusébio S. C. Tchamawe

Ética e Pedagogia na Literatura Oral Africana (Facta Lux) é uma publicação da autoria de Bonifácio Tchimboto e Eusébio S. C. Tchamawe, ambos docentes no Instituto Superior Jean Piaget de Benguela (Angola). 

O foco principal deste livro é a análise das funções éticas e pedagógicas das literaturas orais africanas, nomeadamente, da literatura oral em umbundu (também grafado umbundo), língua falada pelo maior grupo etnolinguístico de Angola, no intuito de constituir um guia sobre este património para as gerações futuras. A tradição oral é uma das características estruturantes das culturas africanas que, se não for preservada, corre, segundo os autores desta obra, «perigo de perder-se, pois está conservad[a] apenas em alguns homens que brevemente vão desaparecer para sempre» (pág. 10); daí a necessidade de mostrar aos jovens as diferentes dimensões da oralidade literária. 

Em termos estruturais, esta publicação está organizada em três capítulos: um primeiro, que aborda a relação entre as literaturas orais africanas e as perspetivas éticas e pedagógicas; um segundo, que explora alguns exemplos de contos, provérbios, advinhas, canções e lengalengas do umbundo; e um terceiro acerca da leitura ética e pedagógica da literatura oral em umbundo.  

Em Ética e Pedagogia na Literatura Oral Africana encontra-se sobretudo a nobre preocupação de despertar a atenção dos investigadores com interesse nas línguas e culturas africanas para as tradições deste continente, que estão escondidas nas suas literaturas orais, e para o seu potencial linguístico e pedagógico. Ao mesmo tempo, permite ao leitor entender qu...